A cidade histórica de Mariana foi palco, no último domingo (9), da 8ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce, que reuniu mais de seis mil pessoas vindas de diferentes regiões de Minas Gerais e do Espírito Santo. O evento, promovido pela Arquidiocese de Mariana, foi marcado por manifestações de fé, solidariedade e compromisso com a defesa da vida e do meio ambiente.
Com o tema “Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum” e o lema “10 anos do crime: memória, justiça e esperança”, a romaria recordou o rompimento da barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, ocorrido em 2015, considerado o maior desastre socioambiental do país. O encontro também se inseriu nas ações do Jubileu da Esperança 2025, sendo reconhecido como uma Peregrinação dos Atingidos da Bacia do Rio Doce.
Caminhada pela fé e pela justiça ambiental
A concentração começou às 6h da manhã, na Praça dos Ferroviários, onde os participantes foram acolhidos pelo coordenador arquidiocesano de pastoral, padre José Geraldo de Oliveira. Com cartazes, bandeiras, tambores e cânticos, os romeiros seguiram em procissão pelas ruas de pedra da cidade até a Praça Minas Gerais, em um percurso marcado por reflexões sobre a preservação das águas, a memória das vítimas e a busca por reparação e justiça.
Durante o trajeto, os participantes relembraram a tragédia que destruiu comunidades inteiras e contaminou centenas de quilômetros do Rio Doce. A caminhada simbolizou o compromisso de manter viva a memória dos atingidos e de impedir que novos crimes ambientais se repitam.
Encerramento com celebração e apelo à esperança
A Romaria foi encerrada com a Celebração da Santa Missa, presidida pelo arcebispo de Mariana, Dom Airton José dos Santos, e concelebrada por bispos e padres da Província Eclesiástica de Mariana, além de religiosos convidados.
Em sua homilia, Dom Airton destacou a importância de unir fé e ação em defesa da criação:
“A Romaria é um sinal de esperança e de compromisso com a vida. Celebramos a memória das vítimas, mas também reafirmamos nosso chamado cristão de cuidar da Casa Comum e lutar por justiça”, afirmou o arcebispo.
A Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce ocorre desde 1980 e tem se consolidado como um dos maiores eventos da Igreja Católica voltados à ecologia integral e à justiça socioambiental. Nesta edição, além das paróquias da Arquidiocese, participaram movimentos sociais, pastorais, comunidades ribeirinhas e organizações de atingidos pelo rompimento da barragem.
“Mariana se torna, mais uma vez, um espaço de fé, memória e resistência. A Romaria mostra que nossa luta é pela vida, pela justiça e por um futuro onde tragédias como a do Rio Doce jamais voltem a acontecer”, concluiu padre José Geraldo.
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