Produtor mineiro recebeu R$ 2,94 pelo litro em abril, referente à entrega feita em março; assim como em Minas, houve crescimento também na média Brasil, de 1,3%.
A oferta restrita de leite no campo e a busca pelas indústrias está promovendo a alta dos preços. Ainda que em ritmo mais lento que o visto nos meses anteriores, em abril, referente à entrega feita em março, houve aumento de 2,65% no preço do leite pago ao produtor de Minas Gerais. Com mais esse reajuste, o litro do leite está cotado a R$ 2,94. Apesar da elevação, fatores como o aumento da importação e o consumo enfraquecido no mercado final geraram uma desaceleração no ritmo de alta.
Conforme os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), assim como em Minas Gerais, houve alta também na média do Brasil. O preço do leite captado em março e pago em abril subiu 1,3%, chegando a R$ 2,82 por litro na Média Brasil. O valor também ficou 15% maior que o registrado em março de 2024, em termos reais.
De acordo com a pesquisadora do Cepea, Natália Gringol, apesar da tendência de alta seguir firme pelo terceiro mês consecutivo em função da maior competição pela compra da matéria-prima, no mês, chamou atenção a desaceleração no ritmo de valorização no preço do leite. Considerando Minas Gerais, a alta de 2,65% registrada em abril ficou menor que o reajuste de 5,34% visto no pagamento de março. No caso da média nacional, enquanto o ajuste em março foi de 3,3% e abril a elevação chegou a 1,3%.
“O grande responsável pela freada no movimento de avanço no campo é a demanda enfraquecida na ponta final da cadeia. Pesquisas do Cepea realizadas com o apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) mostram que as negociações dos lácteos entre indústrias e canais de distribuição em março foram limitadas pela retração da procura”, afirmou a pesquisadora.
Importação ainda impacta no preço do leite
Ainda conforme Natália, as importações elevadas de leite também reforçam a pressão sobre os preços internos. Embora as compras externas tenham recuado 14,8% em março, o volume acumulado no primeiro trimestre supera em 5,4% o registrado no mesmo período de 2024. “Essa quantidade continua significativa. Isso mantém a preocupação de agentes quanto à concorrência com os produtos importados e a capacidade da indústria em repassar as valorizações no campo ao preço dos lácteos e assegurar rentabilidade”, completou.
Quanto à oferta de leite no campo, a mesma seguiu estável, movimento inesperado para o período, que tradicionalmente, é marcado pelo início da entressafra. De acordo com o Cepea, houve uma retração de apenas 0,2% no Índice de Captação do Leite (Icap-L), fator que também ajudou a segurar os preços pagos aos produtores.
Além do clima mais propício para a produção de silagem, as melhores margens geradas pela atividade incentivaram investimentos. Isso refletiu no ganho de produtividade dos rebanhos leiteiros e na oferta do leite.
“O volume de leite captado entre março e abril superou o registrado em anos anteriores em muitas bacias leiteiras. Isso aconteceu devido ao clima propício, à qualidade da silagem e a melhores margens da atividade, fatores que se refletiram em investimentos. Apesar dos custos com alimentação seguirem em alta em março, as variações neste ano foram mais baixas que em anos anteriores. Mesmo que o poder de compra do pecuarista frente ao milho esteja diminuindo, os resultados do trimestre ainda são melhores que os registrados nos últimos anos”, analisou.
Para o próximo pagamento, as expectativas são incertas. “Diante da oferta mais estável durante a entressafra, a dificuldade do consumo em acompanhar os reajustes do campo e a redução da rentabilidade industrial, agentes do setor projetam um possível comportamento atípico dos preços ao produtor no segundo trimestre, com chances de queda. Esse contexto, no entanto, tem aumentado as incertezas e alimentado especulações, tornando o mercado ainda mais imprevisível”, disse Natália Grigol.
Foto: Divulgação