Os sinos do Vaticano anunciaram um novo capítulo na história da Igreja Católica. Um dia após sua eleição pelo colégio de cardinais, o Papa Leão 14 celebrou sua primeira missa como Sumo Pontífice na Capela Sistina — o mesmo local onde, horas antes, havia aceitado a missão de suceder a Pedro. Em sua homilia, ele refletiu sobre o papel da religião e falou da missão de comandar a Igreja.
Com uma celebração marcada por simbolismo, espiritualidade e posicionamentos claros, o novo Papa encantou fiéis e cardeais ao unir firmeza doutrinária com um apelo pastoral profundo. A missa, celebrada em latim e com trechos da homilia proferidos em inglês, espanhol e italiano, foi transmitida ao vivo para milhões de pessoas em todo o mundo.
Logo no início da homilia, Leão XIV saudou os cardeais. “Cantarei um cântico novo ao Senhor, porque Ele fez maravilhas”, entoou. O Papa destacou que não se trata apenas de sua eleição, mas das “maravilhas que o Senhor continua a realizar na Igreja por meio do ministério de Pedro”.
"E, de fato, não apenas comigo, mas com todos nós. Meus irmãos cardeais, ao celebrarmos esta manhã, convido-os a refletir sobre as maravilhas que o Senhor fez, as bênçãos que o Senhor continua a derramar sobre todos nós por meio do Ministério de Pedro. O Senhor me chamou para carregar essa cruz e realizar essa missão, e sei que posso contar com cada um de vocês para caminhar comigo, continuamos como Igreja, como uma comunidade de amigos de Jesus, como fiéis para anunciar a Boa Nova, para anunciar o Evangelho”, destacou.
Leão 14 mergulhou no Evangelho de Mateus, recordando a célebre profissão de fé de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Segundo ele, esta frase resume o coração da fé cristã e o tesouro mais precioso da Igreja: o reconhecimento de Jesus como único Salvador e revelador do Pai.
Reforçando sua fidelidade ao Concílio Vaticano II, citou a constituição Gaudium et Spes, lembrando que o Filho de Deus se manifesta inclusive nos “olhos confiantes de uma criança”, oferecendo à humanidade um modelo de santidade acessível. O Papa se apresentou como “fiel administrador” desse patrimônio da fé, comprometido em fazer da Igreja “uma cidade sobre o monte, arca de salvação e farol nas noites do mundo”, não por seu poder institucional, mas pela santidade de seus membros.
Fé em um mundo cético
Com palavras fortes, Leão 14 abordou o cenário cultural atual, onde a fé cristã é muitas vezes ridicularizada ou vista como fraqueza. “Também hoje, Jesus é considerado por muitos apenas um líder carismático ou um homem justo — mas nada mais”, alertou.
O novo papa ainda denunciou o “ateísmo prático” presente entre batizados, e lembrou os perigos de uma sociedade que deposita sua esperança em ídolos modernos, como a tecnologia, o sucesso, o prazer e o poder. “É nesses contextos difíceis que a missão se torna mais urgente”, enfatizou, lembrando que a ausência de fé acarreta profundas feridas sociais, como a perda do sentido da vida e a desvalorização da dignidade humana.
Antes de concluir, o Papa citou Santo Inácio de Antioquia, considerado mártir do primeiro século do catolicismo. “Então serei verdadeiro discípulo de Jesus, quando o meu corpo for subtraído à vista do mundo”, disse. Uma frase que, segundo Leão 14, representa o chamado à radicalidade evangélica e ao testemunho silencioso e eficaz da fé.
Foto: Vaticano / Divulgação